quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Não sei explicar


O amor é que tem o dom de brincar.
Esse amor que é uma corrente, que nunca se une.

Que se prende a outro, deseja outro, e nunca se fixa em quem deveria.

Amar é ser contraditório, é se arrepender por não conseguir.


É desejar ser correspondido, mas se encontrar na contra-mão.

Se sentir oposto, e inverso.

Culpado e revoltado, amargo e imprudente.

Incompetente por não conseguir dominar o coração.


Amar de maneira diferente.

Amar da maneira falha.

E se perguntar se existe amor errado.


Metades que não se encaixam.

Quebra-cabeças que faltam peças.

Está em não ter o poder de escolher...O encanto de amar.

sábado, 7 de agosto de 2010

A noite


Ela estava aflita, necessitava vomitar todas aquelas palavras que lhe faziam mal, olhou para o braço, mas esqueceu o relógio em casa.
"Droga" - Disse em voz alta. Mas o que isso importava? A hora não importava, ela sabia que já era tarde, a escuridão dominava as ruas, e a solidão também.

Infelizmente aquele não era seu dia, havia sido demitida, e agora tinha chegado atrasada para confessar o que ela tanto queria.

"Melhor assim." - Pensou, e sentou-se na guia da calçada. O que faria agora? Era a pergunta que se fazia, sem conseguir obter respostas.

"Eu deveria ter ficado em casa, eu deveria." - Levantou-se e agora falava irritada a cada passo que dava. Na pressa de sair de casa, tinha esquecido tudo, pegou apenas uma carteira pequena achando que tinha dinheiro, mas agora percebia que a única coisa que tinha, era os R$ 0,50 do troco que havia sobrado, da cédula que entregou no ónibus.

As ruas eram desertas, e apenas podia-se ver as luzes dos postes iluminando o caminho, o frio era intenso e ela cruzou os braços para se esquentar. Andava apressadamente, teria que voltar a pé para a sua casa, ódio, era isso o que ela sentia, ele nunca mereceu o seu amor, não precisava saber dele também, nunca precisou saber, ela que era uma idiota, dizia para si mesma.

Não há nada pior do que ser o próprio juiz, não há pena maior do que quando nos condenamos. A revolta lhe dominava.

Virou a esquina, e sentiu necessidade de voltar, quando viu um homem, de terno preto parado, encostado em um poste mais a frente, ele a olhou, e deu um sorriso. O frio percorreu o seu corpo, mas agora, era um frio de pavor, queria voltar e começar a correr, mas seria muito arriscado, resolveu prosseguir, seria melhor.

Ao passar pelo homem abaixou a cabeça, e continuou andando, como se não o tivesse visto.

"- Sozinha por essas bandas?" - Ele perguntou.

Ela no entanto, não parou, não olhou para trás, apenas prosseguiu, aumentou os passos, mas quando olhou para o lado o homem estava lá. Gritou apavorada, e em seguida começou a correr.

"- Me deixa em paz."

Estava assustada, queria chegar em casa o mais rápido possível, mas sua casa era longe, e o medo tomava conta de si. Olhou para trás, não viu o homem, parou para tomar fôlego, o ar invadia seus pulmões como se estivesse rasgando o seu peito, estava cansada, tinha corrido muito.

"- Não é bom para você, ficar correndo de noite por essas ruas." - A voz do homem era calma, meia irónica. Novamente ela sentiu seu corpo estremecer. Ao vira-se o homem estava na sua frente, encostado ao poste, como na primeira vez que ela o viu.

"- Quem é você?" - Perguntou assustada.

"- Isso não importa." - Ele respondeu "- A pergunta é: Quem é você?" - A luz do poste iluminava o seu corpo, era um homem forte, alto, ela não teria chances, aquela rua era totalmente comercial, e todas as lojas já estavam fechadas.

" Preciso de um segurança." - Pensou.

"- Não existe seguranças aqui." - Ele respondeu.

Ela olhou amedrontada, seus olhos entregava a sua insegurança, o seu pavor e a sua angustia.

"- Por favor, eu não tenho dinheiro, deixe-me ir, não faça nada comigo." - Sua voz saia apressada.

"- Eu não preciso de dinheiro, não usamos ele de onde eu vim."

"- A cadeia" - Pensou ela, lá eles não usam dinheiro.

"- Pode ser." - Disse ele com um sorriso.

Sua vontade era de correr, queria correr o máximo possível, mas o seu corpo não respondia. Sua pernas estavam tremulas, temia o que podia acontecer.

Ele deu um passo em sua direção.

"- Por favor, por favor." - Ela olhou para trás, correr não adiantaria, ele lhe pegaria facilmente, como uma presa.
"- E qual o seu nome? Você não me respondeu." - A voz do homem continuava calma, não demonstrava nenhum sinal de raiva.
" - Isso não importa também."

"- Que pena, eu estou tentando ser simpático."

A cada vez que ele avançava, ela dava um passo para trás, pensou mil coisas, ele iria lhe pegar, matar com toda a certeza, depois de fazer o que quisesse.

"- Já pensou que o ódio nasce do amor? " O homem perguntou seriamente, ela porém, olhou sem entender. "- Era isso o que o meu pai sempre me dizia." Continuou ele, como se estivesse falando sozinho. "- Odiamos alguém quando o amor não cabe mais no nosso corpo, quando transborda,, quando o amor nos machuca... Você odeia ele não odeia?." Sua voz agora parecia hipnotiza-la.

Não sabia o motivo, no entanto, agora sentia o ódio dominar o seu corpo, odiava, odiava como nunca havia odiado alguém.

"- Sim, odeio" - Respondeu com raiva.

"- Boa menina."
- Disse o homem com um sorriso.
Sentia tanta raiva, que se tivesse tido a ideia avançaria nele e o extiminaria ali mesmo, mas a única coisa que conseguia fazer era recuar, ao dar um passo para trás, sentiu seu corpo tocar em uma parede, quis segurar-se, mas suas pernas tremulas a fizeram tropeçar, ele porém não a segurou, e ela caiu. Ouviu a sua risada, uma risada que ecoou por toda a rua, ela tentou se levantar, mas não conseguia, apoio seus braços no chão, mas todo seu corpo estava tremulo, caiu novamente. Depois sentiu uma pancada na cabeça.

"- O que está acontecendo?" - A dor tomou conta, queria levantar-se, correr, mas sua cabeça doía, suas pálpebras pesavam, e aos poucos entregou-se ao cansaço e adormeceu.


Acordou assustada em seu quarto, quanto tempo havia dormido? Sua cabeça ainda doía, tentou se lembrar do que tinha acontecido, algumas cenas lhe vinheram a mente, levantou assustada.

No espelho que ficava de frente, um papel preto, escrito:

"- Não foi sonho, apenas aguardarei outra oportunidade."

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Chocolate


Poucas pessoas não gostam, existe de vários tipos, tamanhos e cores, pode ser doce ou amargo ou as duas coisas ao mesmo tempo, tem uma sensibilidade incrível e te alegra nos piores momentos, são assim as mulheres, e exatamente assim os chocolates.

É interessante a similaridade, e talvez essa é a explicação para que a maioria das mulheres sejam tão dependentes desse alimento, queremos alguém que nos entendam, alguém que compartilhe
os nossos problemas e nos ajude sem reclamar, o correto seria procurarmos isso em um homem, mas a cada dia essa busca se torna mais difícil, e chocolates são tão simples de se encontrar.

Mas, o que muitos não sabem, é que não é fácil ser um chocolate, pode parecer estranho, no entanto, ninguém gosta de ser adquirido apenas para te proporcionar prazer, ou porque se tem um formato bonito, todos nós sabemos que a melhor parte do chocolate é o recheio, e lá que está a parte mais saborosa, e que degustamos com satisfação. Só que poucos compram chocolate
pensando no recheio.

Vianne Rocher sabia que o chocolate transforma a vida das pessoas, não pelo simples fato de ser doce, mas sim pela mágica que possuem em seus ingredientes, ingredientes que nunca são iguais, e que variam de pessoa para pessoa, e deixam um efeito tão especial nas vidas de quem os tem.


Não podemos guardar um chocolate na gaveta, ou deixar para sempre na geladeira, chocolates
precisam de cuidados especiais, se não estragam. Apesar de alguns ter lindas embalagens, e na maioria das vezes são essas que nos atraem, mas é dentro que está o encanto, quando o pegamos não passamos horas apreciando o papel colorido, ao contrario, essa depois é jogada fora. Nós mulheres também somos assim, algumas com belas embalagens, porém no final, todas são jogadas fora... E o que importa é o encanto, o doce, a satisfação, o que realmente irá permanecer, o que tem dentro.