quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Horas Iguais


O relógio insiste em me mostrar horas iguais. São 00:00, 13:13, 22:22.... Dizem que alguém pensa em mim, superstições. Eu sei, é uma mentira.
A minha única certeza, é que eu penso, sinto, e quero acreditar que realmente isso seja verdade. Agora são 02:02 e eu não acredito que seja possível esquecer tudo assim tão facilmente, pode-se jogar quase tudo no lixo, menos as lembranças. Essas voltam para nós atormentar, mantenho em mim acesa a esperança de que um dia ainda vamos nos encontrar.
E quando o relógio brinca comigo, por um minuto, eu lembro de tudo o que aconteceu. Essas horas iguais só me mostra que tudo ainda está repetitivo. Eu não continuei, meu relógio parou e eu finjo acreditar que todos os minutos, são aqueles que ele me mostra.
Um sorriso bobo aparece no meu rosto, são 08:08, você já acordou, eu sei disso. E agora começo o dia revendo todos os nossos momentos, tudo o que não aconteceu, mas que por eu ter desejado tanto, parece que eu vivi. Será que eu tive a mesma sorte, você também pensa em mim?
O dia continua calmo e tranquilo, como um rio sem interrupções, nesse exato momento são 11:11, olho o celular mas ali também não há atualizações, um simples toque com certeza faria meu coração disparar. Mas como o rio, ele continua calmo e tranquilo, sem interrupções.
A saudade invade meus sentimentos, e minha única vontade era poder matar todos esses pensamentos, apaga-los para sempre e nunca mais ter que reviver o meu passado, pois para poder sorrir de novo, eu preciso também sentir toda aquela dor, o sol vai se escondendo, olho o relógio,17:17. Sinto que meu coração também perde um pouco do brilho, é injusto com você e principalmente comigo.
Em casa sozinha, eu vejo que o tempo não volta, à não ser na minha memoria, as 21:21 eu penso se poderei ocupar de novo esse vazio que sinto atualmente. Seria ótimo.
Agora é exatamente 00:00, está tarde, eu preciso dormir, eu sei que você já dorme, meu único desejo era invadir a sua mente, e se tornar um sonho seu, do mesmo jeito que você ainda é para mim.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Não sei explicar


O amor é que tem o dom de brincar.
Esse amor que é uma corrente, que nunca se une.

Que se prende a outro, deseja outro, e nunca se fixa em quem deveria.

Amar é ser contraditório, é se arrepender por não conseguir.


É desejar ser correspondido, mas se encontrar na contra-mão.

Se sentir oposto, e inverso.

Culpado e revoltado, amargo e imprudente.

Incompetente por não conseguir dominar o coração.


Amar de maneira diferente.

Amar da maneira falha.

E se perguntar se existe amor errado.


Metades que não se encaixam.

Quebra-cabeças que faltam peças.

Está em não ter o poder de escolher...O encanto de amar.

sábado, 7 de agosto de 2010

A noite


Ela estava aflita, necessitava vomitar todas aquelas palavras que lhe faziam mal, olhou para o braço, mas esqueceu o relógio em casa.
"Droga" - Disse em voz alta. Mas o que isso importava? A hora não importava, ela sabia que já era tarde, a escuridão dominava as ruas, e a solidão também.

Infelizmente aquele não era seu dia, havia sido demitida, e agora tinha chegado atrasada para confessar o que ela tanto queria.

"Melhor assim." - Pensou, e sentou-se na guia da calçada. O que faria agora? Era a pergunta que se fazia, sem conseguir obter respostas.

"Eu deveria ter ficado em casa, eu deveria." - Levantou-se e agora falava irritada a cada passo que dava. Na pressa de sair de casa, tinha esquecido tudo, pegou apenas uma carteira pequena achando que tinha dinheiro, mas agora percebia que a única coisa que tinha, era os R$ 0,50 do troco que havia sobrado, da cédula que entregou no ónibus.

As ruas eram desertas, e apenas podia-se ver as luzes dos postes iluminando o caminho, o frio era intenso e ela cruzou os braços para se esquentar. Andava apressadamente, teria que voltar a pé para a sua casa, ódio, era isso o que ela sentia, ele nunca mereceu o seu amor, não precisava saber dele também, nunca precisou saber, ela que era uma idiota, dizia para si mesma.

Não há nada pior do que ser o próprio juiz, não há pena maior do que quando nos condenamos. A revolta lhe dominava.

Virou a esquina, e sentiu necessidade de voltar, quando viu um homem, de terno preto parado, encostado em um poste mais a frente, ele a olhou, e deu um sorriso. O frio percorreu o seu corpo, mas agora, era um frio de pavor, queria voltar e começar a correr, mas seria muito arriscado, resolveu prosseguir, seria melhor.

Ao passar pelo homem abaixou a cabeça, e continuou andando, como se não o tivesse visto.

"- Sozinha por essas bandas?" - Ele perguntou.

Ela no entanto, não parou, não olhou para trás, apenas prosseguiu, aumentou os passos, mas quando olhou para o lado o homem estava lá. Gritou apavorada, e em seguida começou a correr.

"- Me deixa em paz."

Estava assustada, queria chegar em casa o mais rápido possível, mas sua casa era longe, e o medo tomava conta de si. Olhou para trás, não viu o homem, parou para tomar fôlego, o ar invadia seus pulmões como se estivesse rasgando o seu peito, estava cansada, tinha corrido muito.

"- Não é bom para você, ficar correndo de noite por essas ruas." - A voz do homem era calma, meia irónica. Novamente ela sentiu seu corpo estremecer. Ao vira-se o homem estava na sua frente, encostado ao poste, como na primeira vez que ela o viu.

"- Quem é você?" - Perguntou assustada.

"- Isso não importa." - Ele respondeu "- A pergunta é: Quem é você?" - A luz do poste iluminava o seu corpo, era um homem forte, alto, ela não teria chances, aquela rua era totalmente comercial, e todas as lojas já estavam fechadas.

" Preciso de um segurança." - Pensou.

"- Não existe seguranças aqui." - Ele respondeu.

Ela olhou amedrontada, seus olhos entregava a sua insegurança, o seu pavor e a sua angustia.

"- Por favor, eu não tenho dinheiro, deixe-me ir, não faça nada comigo." - Sua voz saia apressada.

"- Eu não preciso de dinheiro, não usamos ele de onde eu vim."

"- A cadeia" - Pensou ela, lá eles não usam dinheiro.

"- Pode ser." - Disse ele com um sorriso.

Sua vontade era de correr, queria correr o máximo possível, mas o seu corpo não respondia. Sua pernas estavam tremulas, temia o que podia acontecer.

Ele deu um passo em sua direção.

"- Por favor, por favor." - Ela olhou para trás, correr não adiantaria, ele lhe pegaria facilmente, como uma presa.
"- E qual o seu nome? Você não me respondeu." - A voz do homem continuava calma, não demonstrava nenhum sinal de raiva.
" - Isso não importa também."

"- Que pena, eu estou tentando ser simpático."

A cada vez que ele avançava, ela dava um passo para trás, pensou mil coisas, ele iria lhe pegar, matar com toda a certeza, depois de fazer o que quisesse.

"- Já pensou que o ódio nasce do amor? " O homem perguntou seriamente, ela porém, olhou sem entender. "- Era isso o que o meu pai sempre me dizia." Continuou ele, como se estivesse falando sozinho. "- Odiamos alguém quando o amor não cabe mais no nosso corpo, quando transborda,, quando o amor nos machuca... Você odeia ele não odeia?." Sua voz agora parecia hipnotiza-la.

Não sabia o motivo, no entanto, agora sentia o ódio dominar o seu corpo, odiava, odiava como nunca havia odiado alguém.

"- Sim, odeio" - Respondeu com raiva.

"- Boa menina."
- Disse o homem com um sorriso.
Sentia tanta raiva, que se tivesse tido a ideia avançaria nele e o extiminaria ali mesmo, mas a única coisa que conseguia fazer era recuar, ao dar um passo para trás, sentiu seu corpo tocar em uma parede, quis segurar-se, mas suas pernas tremulas a fizeram tropeçar, ele porém não a segurou, e ela caiu. Ouviu a sua risada, uma risada que ecoou por toda a rua, ela tentou se levantar, mas não conseguia, apoio seus braços no chão, mas todo seu corpo estava tremulo, caiu novamente. Depois sentiu uma pancada na cabeça.

"- O que está acontecendo?" - A dor tomou conta, queria levantar-se, correr, mas sua cabeça doía, suas pálpebras pesavam, e aos poucos entregou-se ao cansaço e adormeceu.


Acordou assustada em seu quarto, quanto tempo havia dormido? Sua cabeça ainda doía, tentou se lembrar do que tinha acontecido, algumas cenas lhe vinheram a mente, levantou assustada.

No espelho que ficava de frente, um papel preto, escrito:

"- Não foi sonho, apenas aguardarei outra oportunidade."

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Chocolate


Poucas pessoas não gostam, existe de vários tipos, tamanhos e cores, pode ser doce ou amargo ou as duas coisas ao mesmo tempo, tem uma sensibilidade incrível e te alegra nos piores momentos, são assim as mulheres, e exatamente assim os chocolates.

É interessante a similaridade, e talvez essa é a explicação para que a maioria das mulheres sejam tão dependentes desse alimento, queremos alguém que nos entendam, alguém que compartilhe
os nossos problemas e nos ajude sem reclamar, o correto seria procurarmos isso em um homem, mas a cada dia essa busca se torna mais difícil, e chocolates são tão simples de se encontrar.

Mas, o que muitos não sabem, é que não é fácil ser um chocolate, pode parecer estranho, no entanto, ninguém gosta de ser adquirido apenas para te proporcionar prazer, ou porque se tem um formato bonito, todos nós sabemos que a melhor parte do chocolate é o recheio, e lá que está a parte mais saborosa, e que degustamos com satisfação. Só que poucos compram chocolate
pensando no recheio.

Vianne Rocher sabia que o chocolate transforma a vida das pessoas, não pelo simples fato de ser doce, mas sim pela mágica que possuem em seus ingredientes, ingredientes que nunca são iguais, e que variam de pessoa para pessoa, e deixam um efeito tão especial nas vidas de quem os tem.


Não podemos guardar um chocolate na gaveta, ou deixar para sempre na geladeira, chocolates
precisam de cuidados especiais, se não estragam. Apesar de alguns ter lindas embalagens, e na maioria das vezes são essas que nos atraem, mas é dentro que está o encanto, quando o pegamos não passamos horas apreciando o papel colorido, ao contrario, essa depois é jogada fora. Nós mulheres também somos assim, algumas com belas embalagens, porém no final, todas são jogadas fora... E o que importa é o encanto, o doce, a satisfação, o que realmente irá permanecer, o que tem dentro.

sábado, 17 de abril de 2010

O quadro

A sua imagem está fixa como um quadro em meus pensamentos. Dia e noite eu aprecio cada detalhe, e me encanto de uma maneira diferente.
No entanto, agora estou consciente, é um lindo quadro que jamais irei tocar. Um sentimento preso, dentro de algum lugar.
O tempo não ajudou em nada, apenas aumentou o valor do desenho que produzo todos os dias de você.
Cada traço é especial, produzido sem erros, como se fosse especialmente para mim.
Meu coração se fascina, com cada palavra que escuta, com cada frase que lê, sei que corações não possuem lábios, mas eu sinto que o meu pode sorrir.
A minha razão o acusa todos os dias, meu coração é uma criança prematura, que se alegra com um sorriso, que espera ansiosamente por uma mensagem que talvez nunca chegue, ele é teimoso, não aceita trocas nem substituições.
Os dois vivem em guerra...E eu sei a quem devo seguir. Por isso o meu coração as vezes chora.
Mas, sabe toda essa felicidade que ele sente, provida de um sentimento secreto, que ele já sabe que eu nunca irei revelar, você será apenas um quadro, pendurado, uma arte que pode ser encontrado, em uma exposição que alguns chamam de amor.
E muitos criticam a arte, pois são poucos os que conseguem entender e apreciar a sua real importância.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

s2


Eu ainda era uma criança (no sentido literal)...e me lembro que em uma das conversas com a minha mãe, ela me disse:
"-Não se manda no coração!"

Aquela afirmação me deixou um pouco revoltada, e eu agitada perguntei:

"- Quem disse isso?"

Minha mãe me olhou ternamente, e apenas afirmou o que tinha dito, com uma certeza ainda maior:

"- Não se manda."

Naquele dia, eu pensei comigo mesma:

"Eu mando sim no meu, o coração é meu."

A inocência de uma criança, a experiência de uma mãe, e a teimosia que sempre me fascinou.


Sempre quis controlar meu coração, as pessoas que eu amava, que iria amar, e que deixaria para trás. Controlar meus sentimentos, que afinal, fazem parte do meu corpo. Mas aos poucos aprendi, que o coração é como um pássaro, quando o controlamos, prendemos ele na gaiola.
O privamos de conhecer a liberdade. Mas a prisão evita dores, e também as alegrias. O coração precisa de espaço.

Porém a chave não abre a gaiola.

Encontro uma resposta diferente todos os dias, para a pergunta que fiz:

"- Quem disse isso?"

E a resposta que encontrei hoje, é que quem disse isso, foi apenas o coração.

E nele é impossível encontrar a lógica.

sábado, 3 de abril de 2010

Desista

Desista de guardar as coisas que você nunca vai utilizar.
Jogue fora aquilo que não lhe serve mais, e só ocupa espaço.

Desista de pensar em que não sabe da sua existência.

Desocupe o espaço importante do seu coração, há tantas pessoas com vontade de preencher.


Esqueça, todas as mentiras, todas as promessas, todos os textos que você leu.

Nada disso vai te ajudar a progredir.

Esqueça também o que você escreveu. Você não precisa se lembrar, deixe que as pessoas se lembrem de você...Que te procurem, que sintam a sua falta. Não corra atrás, pare, estacione...Descanse.


É difícil levar o lixo para fora, sempre adiamos ou reclamamos, mas é preciso para nós sentirmos bem e limpos novamente. Para respirar e descobrir um ar novo.

Pois é disso que todos precisam...Novidades.


Esqueça seus problemas, problemas não são para se refletir, mas sim, para se solucionar, se não tem a solução...Armazene e adiante a sua vida.

Você pode se decepcionar mil vezes, mas é insano quando essas mil vezes são todas pela mesma pessoa. Mude o ciclo...Renove-se.


E não acredite nas minhas teorias, elas não servem de nada...Viver é prática, e ninguém ensina.

sábado, 27 de março de 2010

Outra estação

Foto: Bruna Caroline

As confusões passaram, e eu decifrei os enigmas presos em mim.
Resolvi mudar de estação, sair da prisão que me prendia.

Na verdade eu não resolvi, aconteceu quando eu menos esperava.

Agora, nada mais me afeta como antes.

Você sempre me mostrou o paraíso, e depois me deixou a queimar nesse inferno, inferno que agora é meu, e que eu aprendi a apreciar...Nada mais me queima como antes, nada mais me consome com a mesma intensidade.


Você adormeceu dentro de mim, dormiu para sempre, e dormir para sempre é o equivalente a morrer, acontece que nunca nos esquecemos das pessoas que morrem, ao contrário lembramos delas constantemente, com carinho, mas sabemos que não podemos possui-las, ter-las por perto.

Eu sei, você não está mais aqui. Não com a mesma presença de antes.

Consegui enxergar coisas que eu não queria, percebi que príncipes não existem, não na vida real.

Somos muitos diferentes, nos encantamos da maneira errada. As nossas formas de amar não são compatíveis, nunca duvidei do seu amor, mas não é a forma que eu preciso.

E atualmente meu coração necessita de reciprocidade. Do amor que ele sente.


Mas agora tudo mudou, o amor necessita de tempo para amadurecer.

Ninguém pode julgar o que eu sinto, nem dizer que não era amor.

Apenas eu sei, e posso dar a certeza, de que houve uma metamorfose com os meus sentimentos.

Algo aqui dentro se transformou.


Estou longe, longe...Estou em outra estação...

domingo, 21 de março de 2010

Da Janela

Foto: Bruna Caroline.

Surtei quando me disseram que a vida é cheia de problemas, e que deveriam desistir por não terem mais força para lutar.
Eu sei, a vida não é um conto de fadas, nas histórias eles funcionam com príncipes e princesas, cavalos brancos e finais felizes, mas na nossa realidade, só fica os monstros e dragões, prisões e feiticeiras.
A realidade é outra, não é apenas páginas com letras, presas em algum lugar.

Eu não sei definir o que é vida, mas sei definir o que ela não é, a vida não é o extremo, não existe apenas um lado ou apenas um momento. A vida sempre nos concede opções.
Por isso, apesar dos problemas, penso ser injusto as reclamações, mas também não gosto de discursos otimistas, daqueles em que a vida é bela, aproveite, sorria, é tudo maravilhoso, existe pessoas com problemas maiores que os seus, você está no lucro.
Quando algum sofrimento nos atinge, não queremos saber dos problemas dos outros, os nossos já são suficientes, já nos atormenta o bastante, assim, discursos não adiantam, queremos soluções.
É não devemos nos sentir culpados, é inútil tentarmos ser "Pollyanna's" e viver o jogo do contente, ninguém consegue ver o lado bom de tudo, a não ser ela, que está presa nos livros. Afinal, temos uma visão limitada, não enxergamos a 380º.
A questão é que não sabemos viver, e ninguém nunca aprenderá a viver, pois para isso, precisaríamos da eternidade, e não a temos.
Mas podemos apreender a apreciar, pequenos detalhes e conquistas.

A vida é sim cheia de problemas, mas na nossa história, também existe a floresta que pode ser encantada, também existe o céu azul, que nos concede o poder mágico. Apenas precisamos saber enxergar os dois lados, e olhar de vez em quando pela janela, não sempre, apenas de vez em quando, e observamos que não existe apenas as quatros paredes em que estamos presos. A vida vai além disso, há algo mais depois da janela, e reclamar sempre, já é desistir de tentar encontrar as soluções.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Deixe-me

Deixe-me fugir, para um lugar em que ninguém possa me encontrar.
Estacionar a minha mente que não para de viajar.

Entender os meus pensamentos confusos.

Deixe-me encontrar as respostas que preciso, não me traga soluções, deixe que eu procuro.


Eu necessito de descanso e paz, necessito colorir o meu mundo, que só surge cinza.

Entregue-me cores, me mostre o universo, me conceda minutos de solidão.

Sem ninguém que sinta a minha falta, não hoje, não agora.

Não chame meu nome, não diga que tudo vai passar.

Quero apenas que as coisas fluam, sem previsões.


Quero chorar feito criança, e que as minhas lágrimas escorram sem medo de serem percebidas.

Não me venha com frases prontas, não me mostre problemas maiores, não quero me concentrar nem olhar para trás, eu já tenho os meus.

Meus problemas, problemas que desejam não serem meus.

Hoje quero apenas desaparecer, e me perder no meu íntimo e nas minhas incertezas.

Deixe-me só, deixe-me aqui.

Complexo

As luzes e as trevas não se misturam.
O amor e o meu corpo também não.

Desisti de tentar entender o porquê.

Ele não gosta do meu corpo, não se sente bem dentro do meu coração.

Quer fugir, mas não encontra nenhuma passagem para escapar...Talvez por quê, o coração só possua portas de entradas.

Uma vez lá dentro, aprisionado está.



E todas vezes que o espírito assassino me dominou, eu não tive coragem de puxar o gatilho.

Será que eu queria realmente te matar? Ou apenas acabar com tudo o que me causa?

É estranho esse sentimento, se o bem e o mal não se unem, por que te odeio e te amo tão intensamente?

O que eu quero?

Você não tem as respostas e só me traz mais perguntas.

Conceda-me a coragem que me falta, realize esse milagre, diga-me o que preciso fazer para te esquecer.

terça-feira, 16 de março de 2010

Reencontros

Há tempos que não nos víamos, e quando nos reencontramos, parecia que tínhamos nos visto ontem.
Tudo estava no mesmo lugar, do jeito que havíamos deixado.
A impressão que ficou, é que apenas continuamos aquele ultimo dia, em que paramos de nos ver.
Ainda conseguíamos enxergar a transparência e a sinceridade da nossa amizade, com uma simplicidade incrível.
Recordei os nossos primeiros dias de convivência, os primeiros contatos, as primeiras impressões...Que se concretizaram, aumentaram, mudaram.
Lembrei das nossas conversas, enquanto esperávamos quando todos já tinham ido embora , dos segredos trocados, dos carinhos, dos abraços. Do seu cansaço e bom humor, da sua serenidade de sempre, das nossas risadas, dos seus almoços.
Percebi que foi com você, que aprendi a tirar um tempo para maquiar a vida, todos os dias, antes das lições começarem, e que isso deve ser feito com cores claras, sem chamar muita atenção.
Você me ensinou que não há beleza mais deslumbrante do que a que surge naturalmente, e que não importa a embalagem, se dentro dela existe apenas o vázio.
Mostrou-me que devemos ser adultos, com uma aparência infantil, mesclar brincadeiras e broncas, rostos sérios e caretas, cantigas e sermões.
No começo pensávamos que as coisas permaneceriam assim por alguns anos, que nos encontraríamos todos os dias, porém, os imprevistos diminuíram algo que parecia ser longo.
E no lugar da convivência surgiu a distância, mas que não foi embora, sem antes nos apresentar a amizade.
Amizade que trouxe com ela admiração, não apenas pelo que se podia observar, mas por algo que estava mais oculto, e que só se percebe quando se passa a conhecer.
Admiro o teu sorriso, e o teu jeito meigo de falar.
O teu abraço apertado, e a sua forma de demonstrar o que sente.
A sua humildade e determinação.
Admiro principalmente você, por tudo aquilo que representa para mim.
Com você aprendi palavras novas, e descobri significados. Cada amigo se torna especial de um jeito, e cada pessoa importante da sua maneira.
Eu só queria que todos um dia, pudessem receber esse presente e ouvir pelo menos uma vez, alguém que dissesse:

"- Que saudadeszinha de você."


E que descobrissem como é bom, escutar cinco palavras, que não são dadas, e sim trocadas:

"- Eu te amo tanto Fri."


Palavras que fazem toda a diferença, pessoas que se tornam eternas pela sua essência.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Você já sentiu

Eu sei, você já sentiu..Um aperto no peito que te deixa sem ar.
Um frio na barriga que te devora, uma vontade de gritar só para aliviar esse peso que te persegue.
Um medo inexplicável de perder aquilo que você sempre amou.

Eu sei, você já ouviu...Os cacos do seu coração quando ele se quebrou.
O grande barulho que a sua lágrima fez quando caiu, e pelo visto só você escutou.
As vozes das acusações que te julgaram sem ao menos te conhecer.
Não precisa me dizer, eu sei...Também já acreditei no eu te amo que me disseram.
Já me iludi com o sorriso que me deram, já imaginei um futuro que até hoje não chegou.
Acredite, eu sei que você já fez... Promessas que sabia que nunca conseguiria cumprir. Disse que estava bem, quando o seu desejo era cair.
Garantiu nunca mais se apaixonar, depois de se iludir.
Já mudou por alguém que nunca mudaria por você, e já decepcionou aquele que daria sua vida só para te agradar.
E a única coisa que te consola é saber que todos um dia, também sentiu, também errou.

Não negue, eu sei, você já teve...Vontade de matar alguém que te irritou.
De cantar o dia todo só para mostrar que estava feliz, de se trancar no quarto e esperar que a ferida virasse cicatriz.
De fugir de casa quando era criança, de sumir para um lugar que ninguém pudesse lhe encontrar, de se matar só para acabar com os problemas que te sufocava.
Sim, eu sei, você já desejou...Se declarar para uma pessoa que nunca te olhou, tirar os pés do chão, só para ver se conseguia voar, deitar no colo de alguém e chorar....Mas a minha maior certeza, e que você ainda sente, uma vontade louca de encontrar alguém que apenas te diga: Eu te entendo, eu também passei, confie em mim, eu já senti, eu sei.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O Brilho das Manhãs

Eu não esqueci o teu sorriso.
Nem a sensação que o teu abraço me causa.

Ao contrário, lembro a cada dia, de cada momento, porque assim, talvez, eu possa amenizar a falta que você me faz.

E sei que você está perto, e que a sua amizade é a luz que me acompanha e me ilumina nas densas trevas, e que você estará ao meu lado no lugar em que eu estiver...porque eu sempre te disse que você estava no meu coração, e esse ainda permanece comigo.

Sei também que não é preciso está perto para se admirar, as estrelas possuem o mesmo brilho mesmo distantes, o sol nos esquenta embora não possamos vê-lo, o vento nos refrigera apesar de não sermos capazes de tocar... Ah discursos baratos, eu sei que é muito melhor ter a jóia por perto, do que apreciar da vitrine.

As tuas preocupações, sermões e irritações constantes, era tão mais divertido observar de perto, do que apenas lembrar, o seu carinho sempre evidente, a ajuda que estava presente quando eu precisava, a peça da amizade que me faltava, e quando você chegou eu consegui descobrir que os amigos são as soluções dos problemas.

São eles que nos proporcionam as forças para que possamos continuar, a mão que precisamos para levantar, que possuem o dom de nos fazer sorrir quando queremos chorar.

Nos entrega uma ponte quando pensamos que o caminho acabou, e nos mostra o significado de coragem, pois quem tem amigos não pensa em desistir.

É com eles que registramos os nossos melhores momentos.

Lembra das nossas fotos? De cada momento que eternizamos naqueles pequenos pedaços de papeis, no dia estavamos ciente de que era um momento especial, mas depois que passa e olhamos novamente, percebemos que era mais do que isso, parece até que em cada uma delas foi carimbado nos nossos rostos a palavra " -felizes."

Sim, ser feliz é ter amigos, não grandes amores, romances, paixões, sabemos que todos precisamos, mas sem eles sobrevivemos, passamos, agora para que as coisas possam ter sucesso, é preciso primeiro que exista amizade, a chave da felicidade.

E também não precisamos de muitos, apenas daqueles que se dediquem a nós, da mesma maneira que nos dedicamos a eles, pois a amizade é uma troca.
Não terei mais o privilêgio de ganhar um sorriso e um abraço todas as manhãs, e eu sei que é apenas o começo da distância, mas que não é o fim do que foi construído, que novas fotos virão, não com a mesma frequência, mas que quando vierem também estarão carimbadas, que novos sermões irão aparecer, novas risadas, novos gritos, abraços, cuidados...momentos em que saberemos apreciar de um jeito muito mais sublime.

E depois esses momentos ficarão na lembrança, como estão agora, o brilho das minhas manhãs não se apagou da minha mente, a sua presença irá me acompanhar, embora traga com ela algo que eu não sei definir, nem explicar, mas alguns conseguem...e dizem que isso que eu sinto é apenas
saudades.

Cansaço

O corpo pede descanso, mas a mente continua ativa e não deseja parar.
O corpo continua sem entender, amortecido, aborrecido, segue os comandos daquela que parece está com a razão.

Se sente fraco, oprimido, quer apenas uma folga, um minuto de alívio.

Mas na guerra a trégua pode ser fatal, o corpo não entende, mas a mente compreende e ordena para que se prossiga.

Sem remédios, sem cura, deseja-se apenas a paz, a mente sabe do seu desespero, que o corpo dolorido, abatido se entregaria facilmente, e desistiria sem antes mesmo tentar, por almejar tanto a paz, ele a aceitaria de todas as formas que lhe oferecessem, se alegria principalmente se encontrasse aquela paz duradoura, eterna e sem fim.

É uma batalha árdua em um único ser, o corpo enxerga somente o agora, as feridas que lhe machucam, a dor que sente, o ar que lhe falta.

A mente observa mais além, foca-se no prémio que está para alcançar, é o mais próximo dele que já chegou, e não é agora que vai parar, não é agora que vai entregar aquilo por qual tanto lutou.

Sem forças, o corpo conclui que a batalha está perdida, e se pergunta pra que continuar? E além disso, ele não pede muita coisa, quer apenas relaxar, sentir o prazer da calma se apossar dos seus membros e correr pelas suas veias, fechar os olhos e não ter que observar mais nada, fechar os olhos e se entregar totalmente a escuridão, tornar-se aliados, o corpo e as trevas.

Mas a mente resisti, e também sente-se afligida pelas dores, e sabe que precisa carregar todos e comandar tudo, todos já se entregaram, e ela leva sozinha o fardo que lhe deixaram...mas o prémio, o prémio está logo ali, e brilha, enchem seus olhos.

É o combustível para que ela possa continuar, ela não olha o sangue, não se concentra nas feridas, bloqueia a dor e prossegue para adquirir o seu desejo.

Apenas mais uns passos, continuem...é só o que sabe ordenar.

Ninguém a escuta, e ela prossegue em passos lentos, e sente o peso do mundo, mas sabe que tudo valerá a pena se tentar, a mente comanda e tem a certeza que se beneficiará.

A mente sabe que as pessoas não dão valor a trajetória, muitos desfalecem no caminho, e seus nomes são esquecidos, tanto esforço para serem enterrados na poeira.

Apenas alguns nomes serão lembrados e serão daqueles que suportaram as dores, que esqueceram os cortes, que não olharam o sangue. E serão daqueles que se negaram, as dores são iguais para todos, mas o foco é diferente.

A mente continua, pois possui apenas um único objetivo, maior do que tudo que já foi visto, a mente segue porque deseja apenas vencer.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Desabafo

O que eu sinto? Seria alguém capaz de decifrar ou de entender?
- Não, não seriam, pois são apenas sentimentos, e não textos, e não palavras, apenas sinto e não explico.

Esses sentimentos que mudam, se transformam, variam, é uma metamorfose, uma complicação.

Uma mistura de ódio e amor, desejo e repugnância.

Eu te queria?

- No passado sim, era concreto, hoje eu não sei, é apenas areia movediça.

Os dias se passaram lentamente e curaram a ferida que você causou, eu juntei os cacos que você quebrou.

Mas e a cicatriz?

- Ninguém apaga, ninguém muda, ela marca e acompanha.

Não queria as lembranças, não queria relembrar, pois se relembrar é viver, eu prefiro morrer.

Morrer, na tua ausência, na minha dor, que eu não sinto, não sinto mais, anestesiou.

Agora resta apenas a repugnância que sinto, que você me causa.

Mas mesmo que eu diga não, e negue a mim mesma, me pego pensando em ti, meus pensamentos me traem, ou seria o meu coração?

- O coração é traiçoeiro, e a razão é insana, eu não confio, não confio mais em você, não confio mais em mim.

Não é amor, eu não te amo, e talvez nunca te amei, eu não quero te amar.

E o que é o amor?

- Um segredo não revelado, um mistério sagrado, uma luz que produz sombras.

Sim as sombras, a única parte do amor que conheci, e foram dentro delas que te odiei, que te odeio.

O ódio?

Ele é a única certeza que tenho, daquilo que um dia eu senti, que um dia eu quis, que um dia eu fui, e é o que eu quero preservar, pois enquanto eu te odiar, terei certeza que não imaginei, ficará sempre evidente que um dia... um dia eu realmente te amei.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Um conselho

Cada desafio que enfrentamos, exige de nós uma estratégia, e são elas que nos levará a vitória.
Viver a vida sem medo.

E isso será possível? Será que podemos viver sem pensar no futuro? No que acontecerá daqui a 2 minutos, 2 dias, 2 anos?

Ah a vida, esse labirinto, que nos conduz sempre para o mais próximo da saída, e essa saída que nunca queremos encontrar.

Esse jogo que por mais que tentamos, nunca aprendemos a jogar.

Perder? Seria fácil se todos percebesse que as perdas sempre nos trazem algo, nunca perdemos, ganhamos a cada momento, agora como encaramos essas novidades, depende de cada um.

Novidades? Todos querem, mas ninguém gosta, não estamos acostumados a mudanças, não queremos mexer no que já está bom.

Teorias, teorias, teorias, são apenas teorias, e a vida é uma pratica, por isso é tão complicada de definir.

E definir? Poucos conseguem, e quem consegue, define do seu próprio jeito, da sua própria maneira, não existe definições iguais.

São flores, são espinhos, paraíso e inferno.

E as flores que você ganha, murcharão.

E os espinhos permanecerá, o que diferencia é para qual lugar focalizaremos as nossas atenções.

E se estamos no inferno,podemos decorar conforme a nossa vontade, transformar de acordo com os nossos desejos.

Tudo na vida é diferente, seja diferente é esse o slong do mundo.

Mas o diferente é o que precisamos ter e proporcionar para as outras pessoas, no entanto, se quisermos ser aceitos precisamos ser iguais, e muitos ainda não descobriram essa diferença, entre o ter e o ser.

Precisamos aprender as diferenças das palavras e descobrir os seus significados.
Queria apenas que todos aprendessem a diferença entre conselhos e auto-ajudas, quem dá conselho se preocupa com o bem daquele que está envolvido, e não precisa de reconhecimentos, mas aqueles mestres em auto-ajudas, querem apenas os títulos, e como poderão conduzir e auxiliar na vida dos outros, se as suas próprias vidas não os pertencem?

A vida é um espetáculo.
E existe vários espetáculos, cabe a nós escolher o ingresso e decidir a peça da qual queremos
participar.