quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Horas Iguais


O relógio insiste em me mostrar horas iguais. São 00:00, 13:13, 22:22.... Dizem que alguém pensa em mim, superstições. Eu sei, é uma mentira.
A minha única certeza, é que eu penso, sinto, e quero acreditar que realmente isso seja verdade. Agora são 02:02 e eu não acredito que seja possível esquecer tudo assim tão facilmente, pode-se jogar quase tudo no lixo, menos as lembranças. Essas voltam para nós atormentar, mantenho em mim acesa a esperança de que um dia ainda vamos nos encontrar.
E quando o relógio brinca comigo, por um minuto, eu lembro de tudo o que aconteceu. Essas horas iguais só me mostra que tudo ainda está repetitivo. Eu não continuei, meu relógio parou e eu finjo acreditar que todos os minutos, são aqueles que ele me mostra.
Um sorriso bobo aparece no meu rosto, são 08:08, você já acordou, eu sei disso. E agora começo o dia revendo todos os nossos momentos, tudo o que não aconteceu, mas que por eu ter desejado tanto, parece que eu vivi. Será que eu tive a mesma sorte, você também pensa em mim?
O dia continua calmo e tranquilo, como um rio sem interrupções, nesse exato momento são 11:11, olho o celular mas ali também não há atualizações, um simples toque com certeza faria meu coração disparar. Mas como o rio, ele continua calmo e tranquilo, sem interrupções.
A saudade invade meus sentimentos, e minha única vontade era poder matar todos esses pensamentos, apaga-los para sempre e nunca mais ter que reviver o meu passado, pois para poder sorrir de novo, eu preciso também sentir toda aquela dor, o sol vai se escondendo, olho o relógio,17:17. Sinto que meu coração também perde um pouco do brilho, é injusto com você e principalmente comigo.
Em casa sozinha, eu vejo que o tempo não volta, à não ser na minha memoria, as 21:21 eu penso se poderei ocupar de novo esse vazio que sinto atualmente. Seria ótimo.
Agora é exatamente 00:00, está tarde, eu preciso dormir, eu sei que você já dorme, meu único desejo era invadir a sua mente, e se tornar um sonho seu, do mesmo jeito que você ainda é para mim.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Não sei explicar


O amor é que tem o dom de brincar.
Esse amor que é uma corrente, que nunca se une.

Que se prende a outro, deseja outro, e nunca se fixa em quem deveria.

Amar é ser contraditório, é se arrepender por não conseguir.


É desejar ser correspondido, mas se encontrar na contra-mão.

Se sentir oposto, e inverso.

Culpado e revoltado, amargo e imprudente.

Incompetente por não conseguir dominar o coração.


Amar de maneira diferente.

Amar da maneira falha.

E se perguntar se existe amor errado.


Metades que não se encaixam.

Quebra-cabeças que faltam peças.

Está em não ter o poder de escolher...O encanto de amar.

sábado, 7 de agosto de 2010

A noite


Ela estava aflita, necessitava vomitar todas aquelas palavras que lhe faziam mal, olhou para o braço, mas esqueceu o relógio em casa.
"Droga" - Disse em voz alta. Mas o que isso importava? A hora não importava, ela sabia que já era tarde, a escuridão dominava as ruas, e a solidão também.

Infelizmente aquele não era seu dia, havia sido demitida, e agora tinha chegado atrasada para confessar o que ela tanto queria.

"Melhor assim." - Pensou, e sentou-se na guia da calçada. O que faria agora? Era a pergunta que se fazia, sem conseguir obter respostas.

"Eu deveria ter ficado em casa, eu deveria." - Levantou-se e agora falava irritada a cada passo que dava. Na pressa de sair de casa, tinha esquecido tudo, pegou apenas uma carteira pequena achando que tinha dinheiro, mas agora percebia que a única coisa que tinha, era os R$ 0,50 do troco que havia sobrado, da cédula que entregou no ónibus.

As ruas eram desertas, e apenas podia-se ver as luzes dos postes iluminando o caminho, o frio era intenso e ela cruzou os braços para se esquentar. Andava apressadamente, teria que voltar a pé para a sua casa, ódio, era isso o que ela sentia, ele nunca mereceu o seu amor, não precisava saber dele também, nunca precisou saber, ela que era uma idiota, dizia para si mesma.

Não há nada pior do que ser o próprio juiz, não há pena maior do que quando nos condenamos. A revolta lhe dominava.

Virou a esquina, e sentiu necessidade de voltar, quando viu um homem, de terno preto parado, encostado em um poste mais a frente, ele a olhou, e deu um sorriso. O frio percorreu o seu corpo, mas agora, era um frio de pavor, queria voltar e começar a correr, mas seria muito arriscado, resolveu prosseguir, seria melhor.

Ao passar pelo homem abaixou a cabeça, e continuou andando, como se não o tivesse visto.

"- Sozinha por essas bandas?" - Ele perguntou.

Ela no entanto, não parou, não olhou para trás, apenas prosseguiu, aumentou os passos, mas quando olhou para o lado o homem estava lá. Gritou apavorada, e em seguida começou a correr.

"- Me deixa em paz."

Estava assustada, queria chegar em casa o mais rápido possível, mas sua casa era longe, e o medo tomava conta de si. Olhou para trás, não viu o homem, parou para tomar fôlego, o ar invadia seus pulmões como se estivesse rasgando o seu peito, estava cansada, tinha corrido muito.

"- Não é bom para você, ficar correndo de noite por essas ruas." - A voz do homem era calma, meia irónica. Novamente ela sentiu seu corpo estremecer. Ao vira-se o homem estava na sua frente, encostado ao poste, como na primeira vez que ela o viu.

"- Quem é você?" - Perguntou assustada.

"- Isso não importa." - Ele respondeu "- A pergunta é: Quem é você?" - A luz do poste iluminava o seu corpo, era um homem forte, alto, ela não teria chances, aquela rua era totalmente comercial, e todas as lojas já estavam fechadas.

" Preciso de um segurança." - Pensou.

"- Não existe seguranças aqui." - Ele respondeu.

Ela olhou amedrontada, seus olhos entregava a sua insegurança, o seu pavor e a sua angustia.

"- Por favor, eu não tenho dinheiro, deixe-me ir, não faça nada comigo." - Sua voz saia apressada.

"- Eu não preciso de dinheiro, não usamos ele de onde eu vim."

"- A cadeia" - Pensou ela, lá eles não usam dinheiro.

"- Pode ser." - Disse ele com um sorriso.

Sua vontade era de correr, queria correr o máximo possível, mas o seu corpo não respondia. Sua pernas estavam tremulas, temia o que podia acontecer.

Ele deu um passo em sua direção.

"- Por favor, por favor." - Ela olhou para trás, correr não adiantaria, ele lhe pegaria facilmente, como uma presa.
"- E qual o seu nome? Você não me respondeu." - A voz do homem continuava calma, não demonstrava nenhum sinal de raiva.
" - Isso não importa também."

"- Que pena, eu estou tentando ser simpático."

A cada vez que ele avançava, ela dava um passo para trás, pensou mil coisas, ele iria lhe pegar, matar com toda a certeza, depois de fazer o que quisesse.

"- Já pensou que o ódio nasce do amor? " O homem perguntou seriamente, ela porém, olhou sem entender. "- Era isso o que o meu pai sempre me dizia." Continuou ele, como se estivesse falando sozinho. "- Odiamos alguém quando o amor não cabe mais no nosso corpo, quando transborda,, quando o amor nos machuca... Você odeia ele não odeia?." Sua voz agora parecia hipnotiza-la.

Não sabia o motivo, no entanto, agora sentia o ódio dominar o seu corpo, odiava, odiava como nunca havia odiado alguém.

"- Sim, odeio" - Respondeu com raiva.

"- Boa menina."
- Disse o homem com um sorriso.
Sentia tanta raiva, que se tivesse tido a ideia avançaria nele e o extiminaria ali mesmo, mas a única coisa que conseguia fazer era recuar, ao dar um passo para trás, sentiu seu corpo tocar em uma parede, quis segurar-se, mas suas pernas tremulas a fizeram tropeçar, ele porém não a segurou, e ela caiu. Ouviu a sua risada, uma risada que ecoou por toda a rua, ela tentou se levantar, mas não conseguia, apoio seus braços no chão, mas todo seu corpo estava tremulo, caiu novamente. Depois sentiu uma pancada na cabeça.

"- O que está acontecendo?" - A dor tomou conta, queria levantar-se, correr, mas sua cabeça doía, suas pálpebras pesavam, e aos poucos entregou-se ao cansaço e adormeceu.


Acordou assustada em seu quarto, quanto tempo havia dormido? Sua cabeça ainda doía, tentou se lembrar do que tinha acontecido, algumas cenas lhe vinheram a mente, levantou assustada.

No espelho que ficava de frente, um papel preto, escrito:

"- Não foi sonho, apenas aguardarei outra oportunidade."

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Chocolate


Poucas pessoas não gostam, existe de vários tipos, tamanhos e cores, pode ser doce ou amargo ou as duas coisas ao mesmo tempo, tem uma sensibilidade incrível e te alegra nos piores momentos, são assim as mulheres, e exatamente assim os chocolates.

É interessante a similaridade, e talvez essa é a explicação para que a maioria das mulheres sejam tão dependentes desse alimento, queremos alguém que nos entendam, alguém que compartilhe
os nossos problemas e nos ajude sem reclamar, o correto seria procurarmos isso em um homem, mas a cada dia essa busca se torna mais difícil, e chocolates são tão simples de se encontrar.

Mas, o que muitos não sabem, é que não é fácil ser um chocolate, pode parecer estranho, no entanto, ninguém gosta de ser adquirido apenas para te proporcionar prazer, ou porque se tem um formato bonito, todos nós sabemos que a melhor parte do chocolate é o recheio, e lá que está a parte mais saborosa, e que degustamos com satisfação. Só que poucos compram chocolate
pensando no recheio.

Vianne Rocher sabia que o chocolate transforma a vida das pessoas, não pelo simples fato de ser doce, mas sim pela mágica que possuem em seus ingredientes, ingredientes que nunca são iguais, e que variam de pessoa para pessoa, e deixam um efeito tão especial nas vidas de quem os tem.


Não podemos guardar um chocolate na gaveta, ou deixar para sempre na geladeira, chocolates
precisam de cuidados especiais, se não estragam. Apesar de alguns ter lindas embalagens, e na maioria das vezes são essas que nos atraem, mas é dentro que está o encanto, quando o pegamos não passamos horas apreciando o papel colorido, ao contrario, essa depois é jogada fora. Nós mulheres também somos assim, algumas com belas embalagens, porém no final, todas são jogadas fora... E o que importa é o encanto, o doce, a satisfação, o que realmente irá permanecer, o que tem dentro.

sábado, 17 de abril de 2010

O quadro

A sua imagem está fixa como um quadro em meus pensamentos. Dia e noite eu aprecio cada detalhe, e me encanto de uma maneira diferente.
No entanto, agora estou consciente, é um lindo quadro que jamais irei tocar. Um sentimento preso, dentro de algum lugar.
O tempo não ajudou em nada, apenas aumentou o valor do desenho que produzo todos os dias de você.
Cada traço é especial, produzido sem erros, como se fosse especialmente para mim.
Meu coração se fascina, com cada palavra que escuta, com cada frase que lê, sei que corações não possuem lábios, mas eu sinto que o meu pode sorrir.
A minha razão o acusa todos os dias, meu coração é uma criança prematura, que se alegra com um sorriso, que espera ansiosamente por uma mensagem que talvez nunca chegue, ele é teimoso, não aceita trocas nem substituições.
Os dois vivem em guerra...E eu sei a quem devo seguir. Por isso o meu coração as vezes chora.
Mas, sabe toda essa felicidade que ele sente, provida de um sentimento secreto, que ele já sabe que eu nunca irei revelar, você será apenas um quadro, pendurado, uma arte que pode ser encontrado, em uma exposição que alguns chamam de amor.
E muitos criticam a arte, pois são poucos os que conseguem entender e apreciar a sua real importância.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

s2


Eu ainda era uma criança (no sentido literal)...e me lembro que em uma das conversas com a minha mãe, ela me disse:
"-Não se manda no coração!"

Aquela afirmação me deixou um pouco revoltada, e eu agitada perguntei:

"- Quem disse isso?"

Minha mãe me olhou ternamente, e apenas afirmou o que tinha dito, com uma certeza ainda maior:

"- Não se manda."

Naquele dia, eu pensei comigo mesma:

"Eu mando sim no meu, o coração é meu."

A inocência de uma criança, a experiência de uma mãe, e a teimosia que sempre me fascinou.


Sempre quis controlar meu coração, as pessoas que eu amava, que iria amar, e que deixaria para trás. Controlar meus sentimentos, que afinal, fazem parte do meu corpo. Mas aos poucos aprendi, que o coração é como um pássaro, quando o controlamos, prendemos ele na gaiola.
O privamos de conhecer a liberdade. Mas a prisão evita dores, e também as alegrias. O coração precisa de espaço.

Porém a chave não abre a gaiola.

Encontro uma resposta diferente todos os dias, para a pergunta que fiz:

"- Quem disse isso?"

E a resposta que encontrei hoje, é que quem disse isso, foi apenas o coração.

E nele é impossível encontrar a lógica.

sábado, 3 de abril de 2010

Desista

Desista de guardar as coisas que você nunca vai utilizar.
Jogue fora aquilo que não lhe serve mais, e só ocupa espaço.

Desista de pensar em que não sabe da sua existência.

Desocupe o espaço importante do seu coração, há tantas pessoas com vontade de preencher.


Esqueça, todas as mentiras, todas as promessas, todos os textos que você leu.

Nada disso vai te ajudar a progredir.

Esqueça também o que você escreveu. Você não precisa se lembrar, deixe que as pessoas se lembrem de você...Que te procurem, que sintam a sua falta. Não corra atrás, pare, estacione...Descanse.


É difícil levar o lixo para fora, sempre adiamos ou reclamamos, mas é preciso para nós sentirmos bem e limpos novamente. Para respirar e descobrir um ar novo.

Pois é disso que todos precisam...Novidades.


Esqueça seus problemas, problemas não são para se refletir, mas sim, para se solucionar, se não tem a solução...Armazene e adiante a sua vida.

Você pode se decepcionar mil vezes, mas é insano quando essas mil vezes são todas pela mesma pessoa. Mude o ciclo...Renove-se.


E não acredite nas minhas teorias, elas não servem de nada...Viver é prática, e ninguém ensina.