segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Desabafo

O que eu sinto? Seria alguém capaz de decifrar ou de entender?
- Não, não seriam, pois são apenas sentimentos, e não textos, e não palavras, apenas sinto e não explico.

Esses sentimentos que mudam, se transformam, variam, é uma metamorfose, uma complicação.

Uma mistura de ódio e amor, desejo e repugnância.

Eu te queria?

- No passado sim, era concreto, hoje eu não sei, é apenas areia movediça.

Os dias se passaram lentamente e curaram a ferida que você causou, eu juntei os cacos que você quebrou.

Mas e a cicatriz?

- Ninguém apaga, ninguém muda, ela marca e acompanha.

Não queria as lembranças, não queria relembrar, pois se relembrar é viver, eu prefiro morrer.

Morrer, na tua ausência, na minha dor, que eu não sinto, não sinto mais, anestesiou.

Agora resta apenas a repugnância que sinto, que você me causa.

Mas mesmo que eu diga não, e negue a mim mesma, me pego pensando em ti, meus pensamentos me traem, ou seria o meu coração?

- O coração é traiçoeiro, e a razão é insana, eu não confio, não confio mais em você, não confio mais em mim.

Não é amor, eu não te amo, e talvez nunca te amei, eu não quero te amar.

E o que é o amor?

- Um segredo não revelado, um mistério sagrado, uma luz que produz sombras.

Sim as sombras, a única parte do amor que conheci, e foram dentro delas que te odiei, que te odeio.

O ódio?

Ele é a única certeza que tenho, daquilo que um dia eu senti, que um dia eu quis, que um dia eu fui, e é o que eu quero preservar, pois enquanto eu te odiar, terei certeza que não imaginei, ficará sempre evidente que um dia... um dia eu realmente te amei.

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