O que eu sinto? Seria alguém capaz de decifrar ou de entender?
- Não, não seriam, pois são apenas sentimentos, e não textos, e não palavras, apenas sinto e não explico.
Esses sentimentos que mudam, se transformam, variam, é uma metamorfose, uma complicação.
Uma mistura de ódio e amor, desejo e repugnância.
Eu te queria?
- No passado sim, era concreto, hoje eu não sei, é apenas areia movediça.
Os dias se passaram lentamente e curaram a ferida que você causou, eu juntei os cacos que você quebrou.
Mas e a cicatriz?
- Ninguém apaga, ninguém muda, ela marca e acompanha.
Não queria as lembranças, não queria relembrar, pois se relembrar é viver, eu prefiro morrer.
Morrer, na tua ausência, na minha dor, que eu não sinto, não sinto mais, anestesiou.
Agora resta apenas a repugnância que sinto, que você me causa.
Mas mesmo que eu diga não, e negue a mim mesma, me pego pensando em ti, meus pensamentos me traem, ou seria o meu coração?
- O coração é traiçoeiro, e a razão é insana, eu não confio, não confio mais em você, não confio mais em mim.
Não é amor, eu não te amo, e talvez nunca te amei, eu não quero te amar.
E o que é o amor?
- Um segredo não revelado, um mistério sagrado, uma luz que produz sombras.
Sim as sombras, a única parte do amor que conheci, e foram dentro delas que te odiei, que te odeio.
O ódio?
Ele é a única certeza que tenho, daquilo que um dia eu senti, que um dia eu quis, que um dia eu fui, e é o que eu quero preservar, pois enquanto eu te odiar, terei certeza que não imaginei, ficará sempre evidente que um dia... um dia eu realmente te amei.
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